segunda-feira, 25 de junho de 2012

"O vinho é o mais notável de todos os remédios; onde falta o vinho, os remédios se fazem necessários”.

"O vinho é o mais notável de todos os remédios; onde falta o vinho, os remédios se fazem necessários”.

** “Embora só tenham sido confirmadas cientificamente no século vinte, as ações benéficas do vinho à saúde remontam a alguns milênios. Registros históricos confirmam que egípcios e gregos preconizavam o uso medicinal do vinho e no Talmude, escrito há 2.500 anos, consta à frase antológica:

**"O vinho é o mais notável de todos os remédios; onde falta o vinho, os remédios se fazem necessários”.

Portanto, os "brancos" me perdoem, mas vou de CARMENÈRE. Não resisto a um bom tinto. O texto acima confirma minha adoração. Um tinto, boa música e comida honesta, transformam um encontro qualquer em uma exposição de arte sacra. É quase uma oração de mosteiro italiano. Minha uva preferida é o CARMENÈRE, originária de Bordeaux, hoje é praticamente cultivada no Chile, onde se adaptou muito bem, melhor do que na França. Até a década de 90 era confundida com a Merlot — um exame de DNA esclareceu a confusão.  Não, não sou Somellier e muito menos enólogo!
Apreciador, admirador, degustador, encanto-me mais com os prazeres ocultos que um tinto selecionado proporciona do que, uma profunda avaliação técnica da uva e seu cultivo. O que me chama atenção ao beber o líquido são suas nuances, matizes: o vinho enriquece a alma, desfaz a timidez e oferece complexidade as palavras poéticas embebidas em muita sensualidade.
É a vida é a vida, e é bonita”: diria o grande poeta Gonzaguinha se por ventura estivesse degustando uma taça de Cabernet Sauvignon ou Pinot Noir ao escrever letra tão bela, será que não foi assim? O vinho transforma encontros solitários em carnavais fora de época. A vida transforma-se em entardecer de outono, lua cheia de encantos primaveris, desejos descarados  são jogados boca afora, fluem. O vinho pode ter um amadurecimento tardio um amplo espectro de aromas: frutas vermelhas, café, chocolate, geléia e tabaco quando envelhecidos, mas nada disso será percebido sem um que de paixão, de volúpia, de sensibilidade e lógico, de muito prazer em beber.
**“O vinho é uma bebida viva, não apenas porque ele evolui a cada instante, na garrafa e na taça, mas principalmente porque cada garrafa trás em si, o sonho e os anseios de muitas pessoas”.
    Apreciar um vinho é muito mais que um simples gostar ou não do que bebemos. Apreciar um vinho é poder desfrutar de todo o prazer, de todo o sonho que foi colocado em uma garrafa. Assim, não se intimidem em pedir um tinto num restaurante, peçam auxílio ao garçom ou ao somellier (se houver), acreditem na intuição, sejam românticos, encantem-se, deixem-se levar pela poesia, a beleza da garrafa arredondada, o rótulo, a sutileza da abertura e retirada da rolha e o magnífico e esplêndido desprendimento do líquido precioso tocando a taça de cristal. Depois é só agradecer a Deus por esse momento. Um brinde a saúde e ao amor.
**“Extraído do livro ‘O Vinho no Gerúndio’ - 2a. Edição - Editora Gutenberg 2004”.
Por William de Almeida