
Com uma ou duas boas casas que representam a gastronomia da cidade, os outros restaurantes são um cultuar de mesmices no tempero, no atendimento e na gestão de seus estabelecimentos. Uns pensam que são muito bons, mas passariam desapercebidos em comparação a qualquer botequim carioca da rua do Ouvidor ou da Lapa. Outros são comedidos e simples, mas honestos. Outros são decididamente horríveis. E outros, melhor nem comentar. Alguns proprietários se dizem chefs. Outros dizem que fizeram curso na frança, na Itália e até na índia, mas não sabem fritar um ovo. São vendedores de ilusões degustativas, ou melhor, vendedores de comida de terceira qualidade. Um dia, teremos por aqui um bar que tenha um pastel de camarão decente, um bolinho de bacalhau que nos faça rir de nós mesmos, uma sardinha fritinha crocante parecida com a do largo Santa Rita na Pça Mauá, um bolinho de vagem do bar do Costa em Vila Isabel e uma carne seca que desmanche na boca e te leve ao bairro de Maria da Graça, também no Rio.
Enfim, peço a Deus que eu viva bastante para poder ver em Rio das Ostras, um bar ou um restaurante que no lugar de servir picanhas horríveis, pizzas intragáveis, servidas em chapas fumegantes, peixes desconexos, sushis moribundos, suflês vergonhosos e petiscos deprimentes, sirvam também numa bela tarde de verão a beira mar, uma comida honesta, bem temperada, com bebida na temperatura correta, atendimento decente, banheiros limpos, simpatia e preços amigáveis. Porque até hoje, 20 anos depois de emancipada a culinária local ainda é do tempo em que a cidade se via apenas como distrito de Casimiro de Abreu, acanhada. Será que teremos que esperar mais uns 20 anos para verdadeiramente saborear comida em forma de arte. O ser humano não vive apenas de picanhas, de rodízios de pizzas, self-service de sorvetes e chapas fumacentas com carnes duvidosas. Tenho fé que um dia tudo isso irá mudar. Até lá!